Mafalda comemora 50 anos

aniversário mafalda

Mafalda é uma garotinha argentina cheia de questionamentos sobre a vida e a sociedade.Suas histórias comovem crianças e adultos há décadas e suas aventuras já foram traduzidas para cerca de 30 línguas. Em 2014 as tirinhas da  personagem mais anticonformista dos quadrinhos completam 50 anos, continuando muito atuais.

Mafalda se tornou extremamente popular na década de 1970, ao aparecer nas tirinhas do cartunista argentino Joaquín Salvador Lavado, apelidado de Quino. O dia de sua primeira publicação foi 29 de setembro de 1964, na revista Primera Plana. Para Quino essa é a data que deve ser considerada como o nascimento de Mafalda como personagem de tirinhas.

Foi em 1965, quando os quadrinhos com a personagem passaram a ser estampados diariamente no Mundo de Buenos Aires, que sua fama foi alcançada. A menina de seis anos de idade, dona de comentários ácidos, que odiava a guerra, a injustiça e, principalmente, as convenções sem sentido dos adultos, logo fez sucesso por levantar questões pertinentes a sua época.

Mesmo após o jornal falir, em 1967, as tirinhas continuaram em alta. Durante nove anos Quino manteve as publicações, que passaram por vários jornais. Foi em 1973 que o cartunista  percebeu que não poderia usar Mafalda para comentar os assuntos mais recentes e criar coisas novas,  optando por parar de publicá-las.

Mafalda nasceu numa época conturbada, de golpes militares na América Latina e da Guerra do Vietnã. É incrível como 50 anos depois seus temas e contestações não perderam a atualidade, podendo ser usados para pensar os problemas contemporâneos.

Hoje Mafalda continua conquistando pessoas no mundo todo com sua crítica e humor. A menina de cabelos negros, vestido vermelho e fita no cabelo, ao lado de seus amigos Manelito, Filipe, Susanita, Miguelito, Liberdade e uma tartaruga chamada Burocracia cativa um público de diferentes idades e classes sociais.

As homenagens pelo seu 50º aniversário já começaram na Argentina, com a exposição “El Mundo Según Mafalda” (“O Mundo segundo Mafalda”, em livre tradução do espanhol). Ela traz reconstruções de cenas dos quadrinhos desenhados por Quino, além de estátuas dos personagens, jogos, músicas e muitas outras peças interativas. Após passar também por México, Chile e Costa Rica, a mostra está programada para chegar a São Paulo em dezembro deste ano.

mafalda no banco

Bancas de Jornal 24 horas em São Paulo

leitores noturnos

Deu uma vontade incontrolável de comprar aquele quadrinho no meio da madrugada, mas não sabe onde? Você não passará mais por isso! O enquadradinhos preparou uma lista com as principais Bancas de Jornal 24 horas em São Paulo, para você continuar nutrindo a paixão pela nona arte, a hora que for:

Pinheiros

Banca Avenida – Av. Pedroso de Moraes, 1036, Pinheiros

Alto de Pinheiros

Banca Senzala – Praça Panamericana, 21,  Alto de Pinheiros

Consolação

Banca Estadão – Viaduto Nove de Julho, 185, Centro

Pacaembu

Banca Pacaembu – Praça Charles Miller, 1, Pacaembu

Higienópolis

Banca Vilaboim – Praça Vilaboim, 49 – A, Higienópoilis

Moema

Banca Nossa Senhora da Aparecida – Praça Nossa Senhora da Aparecida, S/N, Moema

Jardim América

Banca Europa – Av. Europa, 20,  Jardim Europa

Vila Mariana

Banca Ana Rosa – Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 20, Vila Mariana

Banca L. Carmo – Av. Lins de Vasconcelos, 1601, Vila Mariana

Mooca

Banca Laguna – Rua Vsc. de Laguna, 220, Mooca

Tatuapé

Banca Silvo Romero – Praça. Sílvio Romero, S/N , Tatuape

Santana

Banca Super News – Av. Cruzeiro do Sul, 1800, lj 251, Santana

Paulista

Bruno Banca de Jornais – Av. Paulista, 2202, Cerqueira César

desenho banca de jornal

Resenha da HQ Fagin, O Judeu

capa fagin

No penúltimo livro de Will Eisner, a história de Oliver Twist, romance de Charles Dickens, é recontada sob a perspectiva do judeu Fagin. Trata-se de uma obra polêmica e engajada, na qual um dos maiores quadrinistas de todos os tempos confronta o anti-semitismo em um misto de crítica social e literária.

No livro de Dickens, Fagin é retratado a partir do estereótipo do judeu mesquinho e avarento, que ensina crianças inglesas abandonadas nas ruas a viverem de pequenos furtos. Na visão de Eisner, este tipo de obra contribui muito para um tratamento depreciativo dos judeus, e teria reforçado sua imagem negativa e preconceituosa  na cultura moderna. Embora não seja considerada uma das melhores obras de Eisner, esta pessoalmente é uma das minhas HQs favoritas, em virtude de sua proposta criativa e militante. O interessante é que a história não é uma mera adaptação de Oliver Twist, mas sim um diálogo com esta obra, propondo de fato um novo ponto de vista a respeito dela.

Foi essa a percepção que guiou Will Eisner em Fagin, o Judeu. A obra é um acerto de contas não apenas com Fagin, mas com todos os personagens que representaram a visão anti-semitista na literatura. Na história, Eisner dá foco às condições miseráveis dos judeus imigrantes na Inglaterra do século XIX. Na época, os judeus  asquenazitas vindos da Europa Centro Oriental tinham de enfrentar as ruas de Londres às voltas com a miséria e o preconceito. Desse modo, esses indivíduos meramente subsistiam diante de uma sociedade que não os aceitava.

Fagin não era uma exceção. Sua vida é trágica e cruel, repleta de injustiças e sofrimento. Para sobreviver ele teve de transitar em muitos momentos pela criminalidade. É fácil, durante a leitura, julgar um ato de Fagin e, logo em seguida, nos questionarmos se, diante do contexto, ele tinha alguma outra opção.

A história começa na infância de Fagin, quando ele narra, para o próprio Dickens, sua trajetória de luta pela sobrevivência nos subúrbios de Londres. Com o assassinato de seu pai, teve que roubar alimentos e remédios para sustentar a mãe. Pouco depois, porém, ela morre e um rabino lhe arranja um emprego na casa de um rico sefardita (judeu de ascendência ibérica),  o Sr. Eleazar Salomão. Por um momento, sua vida parece promissora, mas um deslize – um caso amoroso com a filha de um dos sócios do Sr. Salomão – e alguns mal entendidos lhe jogam novamente nas ruas.

De volta ao crime, acaba sendo preso e condenado ao degredo nas colônias, fadado a um destino de frustração, humilhação e a precariedade. De volta a Inglaterra associa-se a um criminoso inglês chamado Sikes, continuando na marginalidade.

Fagin, o judeu  é um verdadeiro panorama das agruras e sucessos dos imigrantes judeus na Inglaterra do século XIX. Além de seu inigualável talento para narrar histórias em quadrinhos, Eisner expõe seu ponto de vista sobre a questão, no prefácio e no posfácio do livro. O livro ainda traz reproduções de charges de famosos ilustradores do século XIX, selecionadas pelo autor, o que o deixa ainda mais rico.

página fagin

Fagin, O judeu

Avaliação enquadradinhos: ótimo

Autor: Will Eisner

Tradutor: André Conti

Editora: Companhia das Letras

Páginas: 120

Preço: R$ 38,00

Vencedores do HQmix 2014

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No dia 13/09 acontecerá o 26º HQmix, a principal premiação dedicada aos  quadrinhos no Brasil. E a lista de vencedores já foi divulgada!

Neste ano foi claro o destaque às Graphic MSP, histórias que fizeram releituras dos personagens clássicos do Maurício de Sousa com grandes nomes dos quadrinhos nacionais.  Foram três prêmios destinados à série: Melhor Edição Especial Nacional, Melhor Publicação Infantojuvenil (ambos para Turma da Mônica: Laços, da Panini) e Melhor Publicação de Aventura/Terror/Ficção (Piteco: Ingá, Panini).

 Além disso, um de seus autores, o mineiro Vitor Cafaggi, vai sair da cerimônia com quatro troféus. Um por seu trabalho na série de tiras Valente e três divididos com a irmã Lu Cafaggi por Turma da Mônica: Laços. Ela é a única mulher contemplada na premiação, e também fatura o prêmio de Novo Talento – Desenhista pela mesma obra.  

Mario Cau também é destaque, ganhando dois prêmios. Um por sua adaptação para os quadrinhos de Dom Casmurro (Devir), em parceria com Felipe Greco, e outro por sua websérie Terapia, com Marina Kurcis e Rob Gordon.

A premiação será sábado, dia 13/09, às 17h, no Sesc Pompeia, em São Paulo. E a estatueta deste ano homenageia o personagem Níquel Náusea, de Fernando Gonsales.

Confira a lista de vencedores:

ADAPTAÇÃO PARA OS QUADRINHOS: Dom Casmurro (Devir)

DESENHISTA DE HUMOR GRÁFICO: Alpino

DESENHISTA ESTRANGEIRO: Enki Bilal (Tetralogia Monstro)

DESENHISTA NACIONAL: Shiko (Piteco — Ingá e O Azul Indeferente do Céu)

DESTAQUE INTERNACIONAL: André Diniz (Duas Luas)

DESTAQUE LATINO-AMERICANO: El Viejo (Alceo e Matías Bergara, Uruguai)

DESTAQUE LÍNGUA PORTUGUESA: Banda Desenhada de Língua Portuguesa (DBDLP) — Olímpio de Sousa, Lindomar de Sousa, João Mascarenhas e outros (Portugal e Angola)

EDIÇÃO ESPECIAL ESTRANGEIRA: Pobre Marinheiro (Balão)

EDIÇÃO ESPECIAL NACIONAL: Turma da Mônica — Laços (Panini)

EDITORA DO ANO: Nemo

EVENTO: FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos

EXPOSIÇÃO: Ícones dos Quadrinhos (FIQ 2013)

GRANDE CONTRIBUIÇÃO; Catarse

GRANDE MESTRE: Angeli

HOMENAGEM ESPECIAL: Memória Gráfica Brasileira (MGB)

LIVRO TEÓRICO: Marvel Comics, A História Secreta (Leya)

NOVO TALENTO – DESENHISTA: Lu Cafaggi (Turma da Mônica — Laços)

NOVO TALENTO – ROTEIRISTA: Pedro Cobiaco (Harmatã)

PRODUÇÃO PARA OUTRAS LINGUAGENS: Cena HQ (Caixa Cultural)

PROJETO EDITORIAL: Coleção Moebius (Nemo)

PUBLICAÇÃO DE AVENTURA/TERROR/FICÇÃO: Piteco — Ingá(Panini)

PUBLICAÇÃO DE CLÁSSICO: Fradim (Henfil — Educação de Sustentabilidade)

PUBLICAÇÃO DE HUMOR GRÁFICO: Os Grandes Artistas da Mad: Sergio Aragonés (Panini)

PUBLICAÇÃO DE TIRA: Valente por Opção (Panini)

PUBLICAÇÃO INDEPENDENTE DE AUTOR: Beijo Adolescente 2 (Rafael Coutinho)

PUBLICAÇÃO INDEPENDENTE DE GRUPO: Café Espacial 12

PUBLICAÇÃO INDEPENDENTE EDIÇÃO ÚNICA: O Monstro (Fábio Coala)

PUBLICAÇÃO INFANTOJUVENIL: Turma da Mônica — Laços (Panini)

PUBLICAÇÃO MIX: Friquinique! (Independente)

ROTEIRISTA ESTRANGEIRO: Robert Kirkman (The Walking Dead)

ROTEIRISTA NACIONAL: Vitor e Lu Cafaggi (Turma da Mônica — Laços)

SALÃO E FESTIVAL: Bienal Internacional de Caricatura

TESE DE DOUTORADO: Carlos Manoel de Hollanda Cavalcanti — O reencantamento do mundo em quadrinhos: Uma análise de Promethea, de Alan Moore e J. H. Wiliams III

TESE DE MESTRADO: Tiago Canário — Entre álbum e leitor: traços da vida comum e do homem ordinário no movimento da nouvelle mangá.

TIRA NACIONAL: Manual do Minotauro (Laerte)

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC: Luiz Henrique Bezerra — A trajetória de Kamui Shirou: a representação da sociedade japonesa refletida  nos mangás

WEB QUADRINHO: Terapia (Mario Cau, Marina Kurcis e Rob Gordon)

WEB TIRA: Overdose Homeopática (Marco Oliveira)

 

 

Resenha da HQ O que aconteceu ao homem mais rápido do mundo?

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Com uma capa em forma de jornal e com essa pergunta como manchete e título, a obra independente de Dave West, com arte de Marleen Lowe ganha pela simplicidade da história e a mensagem que ela passa. Ao conhecermos o protagonista, um jovem comum, porém com um poder e bondade capaz de fazer um verdadeiro sacrifício pelo próximo, podemos lembrar o verdadeiro sentido do que é ser um super-herói.

A HQ conta a história de Bobby Doyle, um jovem com um dom muito especial. Ele consegue congelar o tempo e todo o resto ao seu redor, o que, consequentemente, o torna o homem mais rápido do mundo. Isso o possibilitou certa vez salvar dezenas de pessoas que morreriam em um acidente de trem, transportando uma a uma para um local seguro sem que ninguém percebesse.

Mas nada é tão simples: embora o tempo não se passe para o resto do mundo, para Bobby ele corre normalmente, cobrando o seu preço com problemas como fome, sede, solidão e envelhecimento quando precisa utiliza-lo por um período prolongado. Trata-se de um poder capaz de realizar grandes feitos, mas que traz difíceis consequências.

E quando Bobby tem de enfrentar tudo isso para salvar pessoas em risco, ele não pensa duas vezes. A história começa quando um terrorista coloca uma bomba em um prédio de Londres, e a polícia falha em impedir o atentado, que se torna iminente. O perigo só é então revelado à população 1 hora antes da bomba explodir, tempo insuficiente para a evacuação de toda a área que seria devastada.  Quando tem ciência desse evento, Bobby congela o tempo e estuda como salvar todas as vidas ameaçadas.

A história realmente é sobre um super herói, mas não um o qual estamos acostumados a ver nos quadrinhos das grandes editoras. Ele traz a perspectiva real e sentimental dos sacrifícios que uma pessoa faz para realizar o que é certo. Ficamos próximos e nos colocamos no lugar de um Bobby que tem de enfrentar física e psicologicamente o peso de se abdicar em benefício de tantas pessoas.

E não há nenhuma saída milagrosa para esse impasse: o personagem é um homem comum e que vive no mundo real. Ele não tem ideia de como desativar a bomba, como nem eu ou você teríamos. Ele tem inteligência e capacidades medianas, não tem força para aguentar carregar o peso das vítimas… se sente solitário, como qualquer um se sentiria preso em uma temporalidade paralela à real.

Um detalhe é que quando o tempo é congelado os grandes objetos não funcionam, o que torna impossível facilitar o transporte com veículos. Bobby percebe que, se quiser salvar as milhares de pessoas da cidade, ele terá que carregar uma a uma e as levá-las para um local seguro, a vários quilômetros do prédio que abriga a bomba. Mesmo tendo consciência de que esse trabalho poderia custar todo seu tempo de vida, Bobby não se abala, e aceita a missão a um custo talvez muito alto.

A HQ também vale a pena pela edição caprichada da Gal Editora. Ela conta com um prelúdio exclusivo, chamado “O Minuto Mais Longo”, uma história que mostra Doyle em sua infância, já aprendendo a lidar com seu poder, e as vantagens e dificuldades que ele traz. A revista também traz diversos textos explicativos e extras, o que enriquece ainda mais a edição. Muito interessante a descrição de como foram os bastidores da publicação aqui no Brasil, desde o primeiro contato com o autor da obra até a finalização e a constatação da amizade selada entre ele e o editor da revista.

o homem mais rápido página

O que aconteceu ao homem mais rápido do mundo?

Avaliação enquadradinhos: bom

Roteiro: Dave West

Arte: Marleen Lowe

Editora: Gal Editora

Tradução:Eliane Gallucci e Maurício Muniz

Preço: R$ 22,00

64 páginas preto e branco